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Entrevista Eng. Cândido Martins, em destaque na Revista Spot

18 Março, 2022

Entrevista realizada pela Revista Spot ao Eng. Cândido Martins, Executive & Innovation Manager na Cachapuz e Presidente do Comité Estratégico e de Supervisão do DTX COLAB

 

A Cachapuz continua a promover um ecossistema de inovação na região e a fazer chegar tecnologia ‘made in Braga’ ao mundo, muito em parte pela sua visão colaborativa da transformação digital, como a ligação ao DTx Colab, com projetos disruptivos como o NeWeSt que promete mudar o paradigma dos sistemas de pesagem mundiais com integração de IoT e inteligência artificial…

 

O Centro de Competências Tecnológicas da Cachapuz, em Braga, é uma referência em todo o Bilanciai Group. Continuar a levar tecnologia de base portuguesa ao mundo continua a ser uma das  principais missões desta estrutura?

O Grupo Bilanciai integra, além da Cachapuz, empresas em Espanha, França, Reino Unido, Alemanha, Suíça, Bélgica, Holanda e Estados Unidos e possui uma rede de parceiros com abrangência global. Em reconhecimento da capacidade tecnológica da Cachapuz, o Grupo Bilanciai tem, em Portugal, um dos seus Centros de Competências Tecnológicas com o objetivo de conceber e implementar soluções de software e automação que complementem e acrescentem valor aos equipamentos produzidos e comercializados pelas restantes empresas do grupo. Esta estrutura tem participado em diversos projetos de parceria que visam agregar inovação tecnológica e diferenciação à oferta do Grupo Bilanciai, sendo atualmente líder de um projeto em copromoção que tem como objetivo promover uma mudança de paradigma no ecossistema dos sistemas de pesagem, a nível de conceito, tecnologias utilizadas e modelos de negócio.

 

Que soluções ‘made in Braga’ são hoje aplicadas na indústria mundial?

Em Portugal somos líderes na conceção, produçãoe comercialização de equipamentos de pesagem e implementação de soluções de software e automação para a área industrial. A nível internacional somos uma referência na automatização e otimização de processos logísticos e temos soluções implementadas em unidades industriais de relevantes grupos empresariais de referência internacional, em particular na indústria do cimento. São soluções críticas e de alta disponibilidade que asseguram a automatização das operações logísticas de carga e descarga
de camiões. Aproveitamos todo o potencial da computação e automação para ajudar a que todo este processo seja otimizado, eficiente, inteligente e mais rápido.

 

Consideram-se cada vez mais um parceiro na digitalização das empresas?

Somos um parceiro ativo na digitalização dos processos operacionais de forma integrada com os ERP’s dos clientes e fornecemos uma componente de Business Analysis que permite uma proatividade efetiva dos sistemas que implementamos. As nossas soluções proporcionam a interoperabilidade, conectividade e partilha de dados entre todos os intervenientes nos processos operacionais aumentando a eficiência dos recursos utilizados e a capacidade de resposta em tempo real a decisões críticas.

 

O capital humano e o talento da região são uma marca essencial da Cachapuz?

Os engenheiros estão no cerne das transformações económicas, na criação de novos produtos e novas áreas de alto valor acrescentado. Nada acontece sem a equação pessoas, conhecimento e cooperação. A Cachapuz sempre apostou em dotar a sua estrutura de colaboradores altamente qualificados, em particular licenciados na Universidade do Minho e, mais recentemente, de institutos politécnicos da região, promovendo também diversos estágios em colaboração com estas entidades. Para o desenvolvimento de competências é crítico termos níveis de habilitações cada vez mais elevados, apostando numa gestão de pessoas capaz de atrair e reter os talentos. Assim foi e será possível garantir a passagem do legado entre gerações permitindo que empresas centenárias, como a nossa, possam existir por mais séculos.

 

O desenvolvimento de respostas pioneiras só se alcança com cooperação?

Mantemos desde meados dos anos 80 uma relação de forte cooperação com a comunidade académica, destacando-se a Universidade do Minho, que em 1985 resultou no lançamento da primeira balança e do primeiro terminal eletrónico em Portugal. Desde então, participamos em programas e iniciativas que fomentam a relação entre os dois mundos, mas também em projetos de investigação que permitem desenvolver novas tecnologias para potenciar a entrada em novas geografias e em novos clientes. A escala e velocidade da evolução tecnológica que estamos a presenciar exigem que as organizações estabeleçam parcerias para a obtenção de respostas pioneiras e em tempo útil para o mercado. A Cachapuz existe porque inova. Quem não inova, não sobrevive. Na Cachapuz, a inovação não é propriedade de ninguém, é uma responsabilidade de todos, transversal a toda a organização.

 

Quão importantes se têm revelado os Laboratórios Colaborativos como o DTx Colab?

Os laboratórios colaborativos assumiram recente notoriedade, fundados com o objetivo principal de criar, direta e indiretamente, emprego qualificado e emprego científico em Portugal através da implementação de agendas de investigação e de inovação orientadas para a criação de valor económico e social. Acompanhando estas iniciativas, a Cachapuz participou na génese do Laboratório Colaborativo em Transformação Digital (DTx), que desenvolve investigação aplicada em diferentes áreas associadas à transformação digital e centra esta investigação na criação de sistemas ciberfísicos (CPS) de nova geração. Atualmente a Cachapuz ocupa a presidência do CES (Comité Estratégico e de Supervisão) do DTx e participa regularmente nas reuniões da Direção Executiva.

 

O que é que tem ‘saído’ destes laboratórios em termos de inovação?

Restringindo-nos ao exemplo do DTx, para além do sucesso reconhecido pelos associados dos resultados obtidos nos diversos projetos, de diferentes tipologias, em que está envolvido, de realçar as iniciativas em curso no âmbito das estruturas do tipo Pólo de Inovação Digital e projetos que foi convidado a integrar no âmbito das Agendas de Inovação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). O relatório anual dos mentores internacionais, nomeados pela ANI, que fazem o acompanhamento anual do desenvolvimento do DTx enquanto CoLAB, destaca que o DTx é claramente um dos CoLABs de melhor desempenho com a combinação certa de projetos de investigação e inovação e com um elevado impacto para o futuro económico de Portugal.

 

A transformação digital, ou a indústria 4.0, são hoje realidades nas empresas, mas é na prática da I&D que estes laboratórios fazem a diferença?

Os quadros altamente qualificados dos laboratórios colaborativos serão certamente as futuras áreas de I&D das empresas, permitindo a estas um maior foco no mercado e a redução do time-to-market na disponibilização de novos produtos e soluções. Retomando o exemplo do DTx, num universo de 51 colaboradores, a equipa é formada por 7 licenciados, 27 mestres e 17 doutores em diversas áreas de investigação. Ainda de referir que no seio dos seus colaboradores estão em curso seis Mestrados e nove Programas Doutorais no âmbito do trabalho desenvolvido pelo colab. Esta caracterização de recursos é certamente um fator crítico e diferenciador na prática de I&D que a maioria das empresas não consegue endereçar de forma autónoma.

 

O que visa o projeto NeWeSt?

O NeWeSt é um projeto liderado pela Cachapuz em copromoção com o DTx, INL e Universidade do Minho que termina em junho de 2023 com um investimento na
ordem dos 1.3 milhões de euros. Com este projeto estamos a consolidar um espaço colaborativo entre todas as empresas do Grupo Bilanciai, sendo o DTx a equipa científica que está a liderar os desenvolvimentos nas diferentes áreas de atuação. Estamos, também, a promover uma mudança de paradigma no ecossistema dos sistemas de pesagem, em termos de conceito e tecnologia, com a aquisição de dados IoT provenientes de novos sensores e dispositivos inteligentes, a sua agregação numa plataforma cloud e disponibilização de uma arquitetura de microsserviços para desenvolvimento de uma nova oferta ao mercado. Além do desenvolvimento de novos sensores e dispositivos inteligentes, os dados recolhidos serão tratados com recurso a inteligência artificial e a informação disponibilizada através de serviços inteligentes, contribuindo para que os decisores possam usar essa informação para melhorarem os seus negócios.

 

É nesta lógica colaborativa que o futuro se constrói?

A lógica colaborativa já está a construir o futuro. Temos de ter a consciência que a transição digital é uma transformação contínua, os atuais modelos de negócio, as profissões e os modelos organizacionais não vão sobreviver, vão ser substituídos, muitos não sabemos como serão, mas serão diferentes. Só de uma forma colaborativa preparamos um futuro melhor a nível económico, social, empresarial e um futuro mais justo.

 

Que ações prevê o roadmap da Cachapuz para 2022/2024?

O roadmap de transformação digital na Cachapuz desenvolve-se em vetores como a a transição e a criação de dispositivos inteligentes; a transição da unidade industrial para a interligação entre unidades industriais; entender a Cloud como facilitador para promover novos modelos de cooperação e negócios e tirar proveito de novas tecnologias para criar novos produtos. Soluções móveis, inteligência artificial, IOT, blockchain irão transformar drasticamente o portfólio das soluções atuais da Cachapuz. Os próximos meses estarão alinhados com o roadmap 2022/2024, com ênfase no projeto NeWeSt e na continuidade de implementações das soluções a nível nacional e internacional, incorporando gradualmente novos módulos e funcionalidades que as mantenham diferenciadoras e inovadoras nos setores de mercado em que atuamos.

 

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